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JESUS: ESTEVE NO "INFERNO"?

Depois de Jonas ter ficado cerca de três dias no ventre dum enorme peixe, (Sepultura) ele fora e pregara a Nínive. Jonas tornara-se assim um “sinal” para a capital da Assíria.
A geração de Jesus teve “o sinal de Jonas” quando Cristo passou partes de três dias na sepultura e não no inferno e foi ressuscitado, após o que seus discípulos proclamaram a evidência deste evento. Neste respeito, Cristo era um sinal para aquela geração, mas nem mesmo isso convenceu a maioria dos judeus. — Lu 11:30; 1Co 1:22.

E assim (com um corpo espiritual) ele foi e pregou aos espíritos em prisão,  (tártaro) que tinham sido desobedientes quando Deus esperava pacientemente nos dias de Noé, enquanto se construía a arca, na qual poucas pessoas, isto é, oito, foram levadas a salvo através da água. 1 Ped. 3:19,20.

Ke ·rýs·so, em geral, significa “proclamar” (boas ou más novas), diferençando-se de eu·ag·ge·lí- zo·mai, “declarar boas novas”. Noé era pregador (ou arauto, ké·ryx) para o mundo antediluviano, avisando-o. (2Pe 2:5) Cristo pregou (como arauto) aos espíritos em prisão, mas não as boas novas. — 1Pe 3:18, 19.

Quem são os “espíritos em prisão”?
O APÓSTOLO Pedro escreveu sobre a pregação do ressuscitado Jesus Cristo aos “espíritos em prisão”. (1 Ped. 3:19) Será que tais espíritos” eram pessoas que já haviam morrido? Ou eram pessoas espirituais que haviam ficado sob alguma restrição?

A fim de estabelecer a identidade dos “espíritos em prisão”, temos primeiro de considerar o contexto em que se faz referência a eles. Lemos: “Até mesmo Cristo morreu uma vez para sempre quanto aos pecados, um justo pelos injustos, a fim de conduzir-vos a Deus, sendo morto na carne, mas vivificado no espírito. Neste estado, também, ele foi e pregou aos espíritos em prisão, os quais outrora tinham sido desobedientes, quando a paciência de Deus esperava nos dias de Noé, enquanto se construía a arca.” — 1 Ped. 3:18-20.

Visto que se faz menção aos dias de Noé, temos de examinar os eventos desse tempo para obter indícios quanto à identidade dos “espíritos em prisão”. Com exceção de Noé e sua família, a sociedade humana era desobediente a Deus. Poderia ter-se dado que o ressuscitado Jesus Cristo pregou aos espíritos de tais pessoas desobedientes? Não. Por que não? Porque a Bíblia mostra claramente que toda a existência consciente finda na morte.
Por exemplo, diz-se-nos em Eclesiastes: “Os viventes estão cônscios de que morrerão; os mortos, porém, não estão cônscios de absolutamente nada, nem têm mais salário, porque a recordação deles foi esquecida. Também seu amor, e seu ódio, e seu ciúme já pereceram, e por tempo indefinido eles não têm mais parte em nada do que se terá de fazer debaixo do sol.” — Ecl. 9:5, 6.

Ademais, não há diferença entre o espírito ou força de vida que anima os animais e o que anima os humanos. Eclesiastes 3:19 declara: “Há um evento conseqüente com respeito aos filhos da humanidade e um evento conseqüente com respeito ao animal, e há para eles o mesmo evento conseqüente. Como morre um, assim morre o outro; e todos eles têm apenas um só espírito.”

Assim, as Escrituras Sagradas eliminam a ligação dos “espíritos em prisão” com pessoas que pereceram durante o dilúvio global. Por conseguinte, temos de olhar para fora da esfera humana para obter indícios quanto à identidade destes espíritos aprisionados.
O livro bíblico de Gênesis nos habilita a fazer isso. Conta-nos o que certos “filhos do verdadeiro Deus”, ou anjos, fizeram nos dias de Noé. Lemos: “Sucedeu que, quando os homens principiaram a aumentar em número na superfície do solo e lhes nasceram filhas, então os filhos do verdadeiro Deus começaram a notar as filhas dos homens, que elas eram bem-parecidas; e foram tomar para si esposas, a saber, todas as que escolheram. Naqueles dias veio a haver os nefilins na terra, e também depois, quando os filhos do verdadeiro Deus continuaram a ter relações com as filhas dos homens e elas lhes deram filhos; eles eram os poderosos da antiguidade, os homens de fama.” — Gên. 6:1, 2, 4.
Ao começarem a viver como maridos de tais mulheres, os filhos angélicos de Deus agiam contra o propósito para o qual foram criados. Também se provavam infiéis à sua designação de serviço nos santos céus. Eles foram punidos por esta grave transgressão. A Bíblia relata: “Deus não se refreou de punir os anjos que pecaram, mas, lançando-os no Tártaro, entregou-os a covas de profunda escuridão, reservando-os para o julgamento.” — 2 Ped. 2:4.

Os “espíritos em prisão”, por conseguinte, são anjos desobedientes. Quando começou o dilúvio global, devem ter desmaterializado os corpos humanos que usaram. Jeová Deus, contudo, não lhes permitiu recuperar a posição que tinham abandonado nos céus quando vieram para a terra. Ele os colocou sob restrição. Como pessoas espirituais, não poderiam ter sido restringidos em “covas” literais, nem com “laços” físicos. Todavia, devem ter ficado sob uma forma de confinamento comparável a serem colocados em covas e presos com laços. A espécie de prisão sob a qual vieram a estar evidentemente os impedia de materializar-se de novo como homens e de viver como maridos. — Judas 6.

Serem lançados no “Tártaro” indica que foram rebaixados, cortados do favor de Deus e de todo esclarecimento. Isto é evidente do fato que a expressão ‘lançar no Tártaro’ no grego original é um verbo. Assim, a referência é a um ato de rebaixamento e não a um lugar literal. A idéia transmitida é similar à da palavra portuguesa “rebaixar” que subentende a idéia dum nível mais baixo, mas em si mesma não sugere a existência dum nível literal.

Em vista de ficarem numa condição rebaixada por causa de sua infidelidade, a estas pessoas espirituais não se abriria a oportunidade de arrependimento por meio de Jesus Cristo. Ele não morreu em favor de quaisquer anjos desobedientes, mas exclusivamente pela humanidade. Afirma a Palavra de Deus: “Há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens, um homem, Cristo Jesus, o qual se entregou como resgate correspondente por todos.” (1 Tim. 2:5, 6) “Ele [Jesus Cristo] realmente não auxilia em nada os anjos.” — Heb. 2:16.

Visto que os benefícios do resgate não se aplicam aos anjos desobedientes, a situação deles é como a dos cristãos ungidos pelo espírito que abandonam a adoração verdadeira, tornando-se apóstatas.
No que tange a tais pessoas, Hebreus 6:4-6 declara: “Porque é impossível, quanto aos que de uma vez para sempre foram esclarecidos, e que provaram a dádiva celestial gratuita, e que se tornaram participantes de espírito santo, e que provaram a palavra excelente de Deus e os poderes do vindouro sistema de coisas, mas que se afastaram, reanimá-los novamente ao arrependimento.” Por certo, então, seria igualmente impossível que os filhos angélicos de Deus, deliberadamente desobedientes, se arrependessem de sua rebelião.

Assim, o ressuscitado Jesus Cristo só poderia ter proclamado uma mensagem de condenação aos anjos desobedientes. Pouco antes de sua morte na estaca de execução, ele disse aos discípulos: “Quando este [o espírito de Deus] chegar, dará ao mundo evidência convincente a respeito do pecado, e a respeito da justiça, e a respeito do julgamento; em primeiro lugar, a respeito do pecado, porque não exercem fé em mim; daí, a respeito da justiça, porque vou para o Pai e não me observareis mais; então a respeito do julgamento, porque o governante deste mundo tem sido julgado.” (João 16:8-11)
O ‘governante do mundo’ é também o regente dos anjos desobedientes ou demônios. (Compare com Apocalipse 12:7-9.) Por isso, em harmonia com a “evidência convincente” do espírito de Deus, o Cristo ressuscitado podia proclamar um julgamento plenamente justificado contra os “espíritos em prisão”.

CONCLUSÃO FINAL
Assim, a evidência combinada das Escrituras torna claro que os “espíritos em prisão” são anjos rebeldes. Não são espíritos de humanos mortos, pois o espírito do homem não é senão uma força de vida ativadora.

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